O Vale


Do vale chegam, todos os dias, refugiados, que procuram em nós protecção, penso o que se passará no resto do país...
Tenho-os observado, será que os Tonsurados também atacaram os países nossos vizinhos?
Eles parecem ter poder para tanto e mais ainda, a sua força parece inesgotável.
Os nossos mestres meditam noite e dia, para decidir o que fazer quanto aos invasores.
Eles acreditam, que a nossa religião, não depende de outros crentes além dos próprios monges.
Pensam que não temos o dever de proteger a população.
Mas, embora possamos fingir que não seremos afectados, se ficarmos quietos, sabemos o quanto a nossa sabedoria e magia deve ser por eles cobiçada.

Medito na Janela


Costumo meditar na minha janela, da qual consigo avistar todo o vale onde vivi quando era criança.
Quando medito esqueço os problemas e sinto a minha alma inundada de alegria e luz.
A minha vida, como a dos meus irmãos monges não tem sido fácil, todas as religiões têm sido perseguidas desde que os Tonsurados tomaram o poder.

Muitas mudanças sentiu o vale, nós na montanha temos sido poupados, permanecendo fora do seu território, como que presos em casa.
Mas um dia começarão a cobiçar as nossas relíquias, poderosas, impregnadas em magia, de que eles se alimentam e dependem.
Já saqueram todo o nosso país, o próximo passo parece óbvio.
Pelo que sabemos deles, parecem não ter medo de nada nem de ninguém, e a sua fome de conquista parece não ter fim.

O Mosteiro


Apesar das agrestes escarpas geladas e vales profundos, por incrível que pareça, o nosso mosteiro de montanha tem prosperado, talvez seja de nós, tão duros como o clima e fortes como a rocha dos penhascos, ou da magia que se diz proteger estas paredes, mas a verdade é que não temos parado de crescer.
Quando para aqui vim, acolhido pelo monges por ser orfão, a ala este ainda estava em construção.
Agora acabada, já mal chega para todos os novos pupilos.
Pupilos que, ora por necessidade, ora por vocação, se dirigem ao nosso mosteiro.
A sua primeira provação é a subida dos 10.000 degraus que fazem a ligação entre o vale e o mosteiro.
Quando finalmente conseguem chegar ao fim da escadaria são recebidos pelos protectores dos portões, armados com lança e escudo, que impedem a entrada de indesejados.
São os protectores que os testam para saber se são dignos de ingressar na aprendizagem para monge.
Aqueles que passam nos rigorosos testes podem por fim entrar nos portões milenares do mosteiro.